O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) enfrenta a maior crise desde que assumiu o Palácio do Buriti, há menos de 150 dias. Além de conviver com a indignação de servidores públicos, revoltados com a possibilidade de demissão, e do setor produtivo, insatisfeito com aumento de impostos, o Executivo vê surgir a Frente Parlamentar Brasília Sem Crise, composta por nove deputados distritais — incluindo alguns da base aliada.
O objetivo do grupo é discutir um pacto paralelo ao proposto por Rollemberg. Por 15 dias, enquanto a frente debate com empresários e representantes de categorias ações de incentivo à iniciativa privada para aquecer a economia da capital e, assim, ajudar o GDF a aumentar a arrecadação, os deputados não aceitarão votar projetos polêmicos de autoria do Buriti, como as mudanças na previdência dos funcionários e o aumento da Taxa de Limpeza Urbana (TLP).
A criação da frente foi combinada ontem, em um almoço na Asa Sul, com a presença de parlamentares, empresários e sindicalistas. As críticas ao Executivo pautaram o encontro, que teve contou com a participação de Celina Leão (PDT), Julio Cesar (PRB), Sandra Faraj (SD), doutor Michel (PP), Wellington Luiz (PMDB), Rodrigo Delmasso (PTN), Rafael Prudente (PMDB) e Renato Andrade (PR). O entendimento de muitos presentes é de que o governo passa sensação de paralisia e pessimismo, o que não contribui para a saída da crise. A visão, portanto, é da necessidade de liderar um movimento a fim de discutir um pacto, assim como propôs Rollemberg. Para eles, não adianta apresentar medidas de aumento de arrecadação sem discutir ações de incentivo ao empresariado.
Com isso, o planejamento do governo, de protocolar hoje os projetos de lei na Casa, fazê-los passar nas comissões e aprová-los em plenário o quanto antes, deve ir por água abaixo. Entre os distritais, é dada como certa a reprovação dos PLs sobre alterações na previdência e na TLP (veja Lista de pendências). O secretário de Relações Institucionais e Sociais, Marcos Dantas, afirma que a decisão da nova frente prejudica os planos governistas. “Não podemos concordar que se leve 15 dias para votar. Não é interessante neste momento falar em obstruir votação”, comenta.
Sobre a frente, Dantas a considera positiva, pois destaca a importância da ajuda de todos. “O governo lançará, em breve, uma política de desenvolvimento econômico para apontar uma saída da crise e incentivar o setor produtivo de várias formas. Apesar disso, é importante a Câmara pensar em medidas que possam auxiliar na recuperação do DF”, opina. Segundo ele, as medidas apresentadas pelo governo vão exatamente no sentido de fortalecer a economia local.
Demissões
A crise com servidores também tem tirado o sono de Rollemberg. Após ter cogitado demitir servidores públicos não estáveis — que fazem parte do quadro do Estado há menos de três anos —, sindicatos se revoltaram e prometeram até declarar greve (Leia matéria abaixo). Eles veem as afirmações por parte do GDF como uma forma de sensibilizar o Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios, que vai julgar na próxima terça-feira uma Ação Direta de Inconstitucionalidade do Ministério Público do DF e Territórios e pode impugnar reajustes salariais a mais de 36 categorias.
Assim, servidores interpretam que a atual gestão ameaça não dar aumentos já aprovados pelo legislativo local, demitir servidores públicos, além de ter parcelado os vencimentos no começo do ano.
CPI do Transporte faz reunião
Os cinco integrantes da CPI do Transporte se reúnem pela primeira vez hoje à tarde para começar o planejamento da investigação sobre a licitação do sistema de ônibus do Distrito Federal. No encontro, os parlamentares devem definir que documentos serão solicitados prioritariamente. O presidente da comissão, Bispo Renato Andrade, garante que a primeira missão é entender os detalhes da polêmica concorrência pública. “É um quebra-cabeça que precisamos montar”, alegou o parlamentar. Os deputados terão 180 dias para concluir os trabalhos da CPI. “Amanhã (hoje) será nosso único encontro fechado, pois definiremos o plano de trabalho de toda a investigação. Primeiro, vamos coletar todas as informações possíveis, ver se os integrantes vão solicitar informações junto ao Tribunal de Contas do DF, ao Ministério Público do DF e à Secretaria de Transporte. Essa documentação será importante para subsidiar os integrantes da CPI”,
alega Bispo Renato.
Fonte: Redação.
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