A ex-senadora Marina Silva (PSB) disse
nesta quarta-feira, 14, em entrevista coletiva, no Recife, torcer para que a
presidente Dilma deixe a sua marca no governo. "Por enquanto, a marca tem
sido a do retrocesso ou do risco do retrocesso", criticou, ao espezinhar:
"Mas acho que tem uma coisa que o governo Dilma está fazendo que é uma
grande contribuição: o modelo de governabilidade que temos no governo da
presidente Dilma chegou ao limite e hoje ele é a denúncia mais contundente de
que isso não pode continuar". Lembrou que já se chegou a 40 ministérios no
governo federal "e para manter a base, mais ministérios vão sendo criados,
isso é insustentável".
"Ela cumpriu esse papel de dizer
que esse modelo se esgotou, não tem mais para onde ir", complementou
Marina, cuja agenda envolvia uma palestra sobre sustentabilidade, na Faculdade
de Administração da Universidade Estadual de Pernambuco (UEP) e um jantar
com o aliado, governador Eduardo Campos, na sua residência, no bairro de Dois
Irmãos.
"É preciso que algo aconteça para
que esse país não perca as conquistas que já teve em função desse atraso na
política", pontuou, ao considerar "inegável" o retrocesso na
política ambiental do governo Dilma. Sobre as contradições do presidente
nacional do PSB Eduardo Campos, que critica a "velha política" e
defende a sustentabilidade, mas no seu governo adota a prática da política da
troca de interesses e concessão de cargos, Marina destacou a disposição de
Campos para trilhar um novo caminho. "Isto é um processo e não me sinto de
modo algum constrangida", disse.
Em relação às questões ambientais afirmou
que entre alguns poucos Estados que iniciaram esforços neste sentido estão o
Acre e Pernambuco.
"Estamos fazendo um trabalho
pioneiro e os pioneiros sempre pagam um certo preço porque vão à frente sem
saber se tem sol, chuva ou ventos fortes", observou. "Os
colonizadores vão depois e fazem muitas perguntas, se fez sol, chuva, se tem
água. mas não fariam essas perguntas se não fossem os pioneiros".
Reiterou que aliança da Rede Sustentabilidade
com o PSB é programático - e não pragmático - e antecipou ser preferível
"perder ganhando do que ganhar perdendo" porque "quando a gente
perde ganhando a gente sai maior do que entrou e quando a gente ganha perdendo vai
para o governo mas não consegue fazer o que gostaria de fazer porque é
sequestrado por essa velha política".
"Se esse movimento prosperar vai
ser muito bom para a democracia e inclusive para os que hoje têm dificuldade de
nos compreender", afirmou ao reforçar que uma aliança programática não
significa governar sozinho, mas com os que se identificam com o programa.
"O Brasil não pode ter seu futuro aprisionado pela velha lógica",
defendeu.
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